quinta-feira, 6 de novembro de 2008

À descoberta do Douro, ou 2500Km em Deauville! III


Na manhã seguinte, com a preciosa ajuda do recomendável “GPS”, seguimos pela rejuvenescida estrada da beira até Celorico e de seguida pelo IP2, até ao desvio para Alfândega da Fé, com uma paragem para a bucha em Foz Côa.


Foi precisamente nesta altura que utilizei, pela primeira vez, o segundo ecrã do meu GPS. Ah pois é!!! Trata-se de um “aparelho” de tão alta resolução que são necessários, nem mais, nem menos que cinco ecrãs LCD (Lead in Celoolose and Dobrayble) para cobrir o país inteiro. Eu só comprei dois… os do meio para cima…


Quer o IC 7, quer o IP2, têm um bom piso, excepto um troço (que é um pouco aos “pocinhos”) com cerca de 5Km, após o Pocinho (aqui o nosso primeiro contacto com o Douro, de passagem…) e uma paisagem muito agradável. Embora com sinalização “sofrível”, qualquer destas estradas permitem velocidades de cruzeiro muito interessantes… Mas, sobre isso, não me alongo mais!


De acordo com o “GPS” tomámos, então, o sentido de Alfandega da Fé, pela EN 215. Boas curvas e excelente paisagem. Já o piso… Aceitável.


Desembocámos, em seguida, na EN 216. Virámos no sentido de Mogadouro e, uns metros antes da ponte de Remondes, saímos para a EN 217 (só por aqui se constata o potencial tecnológico deste meu “GPS”… para facilitar, até me organiza as estradas todas seguidinhas; EN 215, 216, 217…), subindo pela margem direita do Rio Sabor.


O rio Sabor nasce em Espanha, na serra de Parada, a cerca de 1.600 metros de altitude, entrando pouco depois em Portugal, ainda como ribeiro de montanha, pela serra de Montesinho. Após percorrer mais de 100 quilómetros através de Trás-os-Montes, este rio desagua no Douro, junto a Torre de Moncorvo, à altitude de 97 metros.

A ausência de barragens na totalidade do seu troço (existe apenas uma mini-hídrica no seu afluente Ribeira das Andorinhas) e a baixa perturbação humana do seu vale levou a que se classificasse este rio como um dos últimos rios selvagens de Portugal.” In: www.naturlink.pt


Contudo, também há quem diga que o Sabor nasce em Portugal, em Montesinho.


Não quis entrar nessas intimidades com o próprio… Em Porrais, pedi-lhe apenas, licença para o fotografar e para nos refrescarmos nas suas águas cristalinas, cálidas e selvagens… Divinal… Até porque, já levávamos cerca de 300Km rodados, nesse dia, sob temperaturas da beira interior e do sudeste transmontano…

Lá deixámos o Sabor, coitado, entregue à sua condição de “o último dos selvagens” e continuámos a EN 217 que recorta, durante alguns quilómetros a sua margem direita (deslumbrante paisagem). A estrada é toda em subida (mentira… em sentido contrario é a descer), com boa paisagem e com um piso algo “gasto”, o que nos obriga a alternar apenas entre a 3ª e a 4ª velocidades mantendo, assim, um andamento entre os 40 e os 85Km/h (importante este pormenor…).


Por volta das 6 da tarde, quando o Sol já se ia aninhando para o lado das minhas costas, reparo, pelos retrovisores, em dois faróis de “motão” mesmo atrás de nós… Pela silhueta pareciam Pans… Quando o Sol lhes “batia” mais lateralmente, percebia-se que, pelo menos a que seguia logo atrás nós, era de cor era clara… Veio-me à ideia o cinzento prata da Pan… Via intercomunicador (outro equipamento de bordo muito interessante, do qual falaremos mais adiante…) intercomunico (claro…) que temos companhia… Alguns quilómetros depois, o que vinha à frente, passa por mim e… consegui finalmente ver… era mesmo Pan e a cor… branca!!! a BT… (olha se eu calho a conseguir meter a 5ª). O segundo acompanha ao meu lado, durante alguns metros e, com a canhota (claro…) saco-lhe os dois deditos enluvados, fazendo-lhe a habitual saudação entre o pessoal das duas rodas… Sorriu, mas não retribuiu e seguiu… Ainda consegui acompanhar, atrás deles, durante bastante tempo (quilómetro e meio no máximo). Mas, para não se sentirem incomodados, deixei-os ir à vidinha deles… A verdade é que os rapazes mexem muito bem com as aquelas máquinas e além de mais “equídeos” disponíveis nas montadas e muito menos carga, certamente, conheciam muito bem a estrada!!!


Virámos para Leste na EN 317 e, seguimos depois pela EN 218, qualquer delas com um excelente piso, até Miranda do Douro onde “assentamos arraiais” nas duas noites seguintes.


Miranda é um local carismático e simpático à maneira transmontana… A zona histórica é dentro das muralhas e é aqui, que há noite, a vida acontece… Os nomes das ruas são em mirandês (Nun tefíes an perro que nun lhadra, nin an home que nun fala). O parque de campismo não é muito perto (também não é longe), mas é muito agradável fazer o percurso a pé e é sempre aconselhável pois nunca sabemos o que nos espera (Góis não me sai da cabeça… literalmente).


O jantar, no Restaurante Balbina, foi bacalhau à Balbina, um verdadeiro mimo para o palato, e posta à Balbina, acompanhados por um maduro tinto da região, um néctar, reserva de 2004, que quase teve que ser mastigado, também.