domingo, 12 de outubro de 2008

À descoberta do Douro, ou 2500Km em Deauville! II


Chegámos a Góis uma semana após a concentração… Uma terra impar… O local em si é bonito! A própria vila! Os vários açudes ao longo do Rio Ceira que formam piscinas naturais, com águas espectaculares! As pessoas simpáticas e acolhedoras! Um parque de campismo 7 estrelas (qual Burj Al Arab, mas longe do mar). Os comes e bebes da própria região, que nos fazem perder pelo pecado da gula… Que se pronuncie o Sr. António, proprietário da “Tasca” com o mesmo nome (numa viela estreitinha, do lado esquerdo de quem chega ao largo depois de passar a ponte), onde nos batemos, alarvemente, em jantaradas, confeccionadas e servidas pelo próprio, durante as duas noites que pernoitámos em Góis.

À noite, temos as “docas”… Umas esplanadas fantásticas à beira rio onde o convívio entre forasteiros e autóctones acontece espontaneamente. Alerto, no entanto, para o facto deste agradável fenómeno propiciar alguns “excessos” no consumo de bebidas destiladas e/ou fermentadas portuguesas, escocesas ou, no meu caso, irlandesas (a “menina” ficava imóvel, no parque, quando saiamos para jantar). Foi nas “docas” que me disseram ter sido a melhor opção chegar a Góis uma semana depois da concentração. Confesso que não cheguei a “perceber” muito bem o alcance da observação mas, pessoalmente, também acho.

No segundo dia em Góis, depois de uns mergulhos matinais no Ceira, para recuperar alguma lucidez eventualmente perdida na noite anterior, aproveitámos para dar uma volta pela região…

Seguimos então para Arganil e Côja, onde, aqui, fizemos a pausa junto ao Rio Alva, para “tabaquear o assunto” com um café e umas quantas fotos à bela paisagem. Seguimos para Barril do Alva e Avô (mais fotos). A estrada segue o Alva e, apesar de não ser muito larga, tem muito bom piso e as curvas apetitosas e bem sinalizadas.

Depois, rumámos para um local que me é muito querido pela sua beleza natural, a Fraga da Pena. Não posso deixar de realçar a tristeza de ver tão pouca água a correr por aquelas enormes pedras (há quinze anos não era assim…). Há quem diga, em jeito de consolação, que, infelizmente, é um problema global… Como será aquele local daqui por mais 15 anos!?

Saímos da Fraga da Pena e fomos até ao Piódão… Se fiquei triste por ver tão pouca água na Fraga da Pena… Quase chorei, por ver tão pouco alcatrão na estrada para o Piódão e por ter que sujeitar a minha “menina” à aquele caminho de pedras soltas e, por isso, não poder desfrutar em pleno da bela paisagem pela Serra do Açor… Lá seguimos, até à celebre aldeia de xisto, com muito cuidado, pois era normalmente nas curvas que o alcatrão, “estranhamente”, desaparecia por completo.

Pois é… Segundo as gentes do Piódão, foi adjudicada a uma empresa portuguesa de obras públicas, a repavimentação da estrada, que outrora foi um famoso troço do saudoso Rally de Portugal Vinho do Porto. A tal empresa deu inicio às obras começando por arrancar a parte do piso que, supostamente, estaria em pior estado. Após concluída esta tarefa, a dita empresa abriu falência (coisa estranha e rara no nosso país) há cerca de dois anos, deixando, desde então, aquele caminho, com cerca de 12Km, no estado em que certamente imaginarão e as gentes lá da terra legadas à “insularidade” e a trabalhar para substituir pneus e suspensões… Enfim… São as vicissitudes do nosso Portugal profundo e real… Viva a selecção nacional e a dos olímpicos e mais não sei de quê, ou de quem (excepção feita aos “lobos” e aos “paralimpicos” que, esses sim, sabem representar uma camisola com quinas).

De regresso a Góis, já ao fim da tarde, mais do mesmo a seguir à retemperadora banhoca em duche quente, nos aposentos sanitários do majestoso “Burj Al Arab” dos parques de campismo…

terça-feira, 7 de outubro de 2008

À descoberta do Douro, ou 2500Km em Deauville! I


Já há muito que desejava fazer esta voltinha. Pelo menos, desde o ano passado, quando tive oportunidade de subir o Douro, de barco, de Gaia até à Régua. Um cruzeiro muito interessante onde foram servidas, a bordo, entre outras, algumas iguarias vinícolas e de onde íamos vendo, ao longe, a “matéria-prima” “preparar-se” tranquilamente para uma nova colheita, que viria a ser daí a dias, pois estávamos em meados de Setembro.


Não sei se pelo efeito dos néctares que fui degustando durante a viagem, se por aquela paisagem de escarpas cobertas de vinhedos em socalcos, se pelo cheiro da queima do diesel, dei por mim a equacionar uma voltinha de Deauville, por aquelas paragens… Viessem as férias deste ano e logo trataríamos do assunto…


Ultrapassadas as formalidades familiares dos intervenientes (eu, a Sónia e a Deauville) equacionámos, então, descer o Douro desde a Barragem de Castro, ou mais propriamente, “Embalse de Castro”, perto de Miranda do Douro, até ao Porto. Após esta equação, brilhantemente concluímos que, para partirmos da barragem, antes teríamos que lá chegar…


Assim, a 19 de Agosto, deste ano, iniciámos uma rota, de dez dias, em que fomos seguindo, calmamente, as coordenadas previamente registadas no nosso “GPS”. Um “aparelho” caríssimo, da Turinta maps (marca registada), já fornecido com o fantástico upgrade do sofware da 4ª edição e totalmente concebido em celulose da ultima geração de eucaliptos de casca fina.


A primeira coordenada, indicada pelo sofisticado aparelho, levou-nos a Porto de Muge, via Cartaxo (termas logicamente), possibilitando-nos, em seguida, a passagem pela Ponte Rainha D. Amélia. É uma centenária obra de engenharia, sobre o Tejo, inicialmente concebida para movimento ferroviário e adaptada ao tráfego rodoviário em 2001… Coisas da engenharia... Parámos alguns minutos (o sinal estava fechado) para admirar a obra.


Continuando a seguir as coordenadas, penetrámos no Ribatejo profundo, rumo à Chamusca para podermos contemplar, por momentos, mais uma ponte centenária, que também tem sinal e tivemos a “sorte” de, também, estar fechado.


Deixando a Golegã (terra de cavalos e de… boas recordações), seguimos até à Barquinha onde nos debatemos com um “suculento tuperwere” de croquetes caseiros, “ultra light”, acompanhados por um excelente ice tee de pêssego, produzido com as mais distintas castas de casca de pêssego enlatado (sem casaca, obviamente).


Após o maravilhoso repasto e a primeira cessão fotográfica deste passeio, seguimos para o Agroal, pensando no mergulho refrescante que aí iríamos dar… Azar… Estão com obras de remodelação da represa. E mergulho… Só se fosse nos bidões de 200L, com água, que por lá haviam. Mas, era tanta gente à procura do mesmo que, por esta hora, ainda lá estaríamos à espera que vagasse um bidãozito.


As coordenadas seguintes indicavam-nos Figueiró dos Vinhos (uma questão de coerência toponímica previamente parametrizada no “GPS”), via Maçãs de D. Maria. Este percurso possibilitar-nos-ia descer a encosta leste da Serra de S. Helena. É uma estrada muito sinuosa e com curvas muito difíceis, que acompanha a Ribeira de Alge, mas com uma paisagem completamente surreal.


Uma pequena falha na “alimentação” do GPS levou-nos, em determinada altura, a seguir em frente, quando era suposto virármos à esquerda. Há males que vêm por bem… Fomos ter a Foz de Alge, em pleno Rio Zêzere. Um local espectacular para a prática de desportos náuticos, com uma bela paisagem (mais umas quantas fotos).


Resolvidos os problemas de “alimentação” do aparelho, seguimos até à primeira paragem para “assentar arraiais” que viria a ser em Castanheira de Pêra (ainda muito longe do Douro). Local interessante, sem dúvida, mas aquém das nossas expectativas…


No dia seguinte, após uns mergulhos nas célebres ondas “horárias” da Praia das Rocas, decidimos avançar até Góis rumando pela Serra da Lousã. E que serra… E que curvas… E que paisagens… Muito bom para nós, que rejuvenescemos o pulmãosito e para a “nossa menina”, que até parecia já conhecer aquela estrada, tal era a subtileza com que ia atacando cada nova curva (ou seria a “tecnologia da ponta” do caríssimo aparelho, ligada, via wirless, directamente à “menina”!?).